As demandas da humanidade relacionadas com o aquecimento global, a necessidade de reduzir o dióxido de carbono da atmosfera, novas fontes de energia, a erosão de solos, a crise da água e outras ameaças sobre recursos naturais determinaram novo perfil para a agricultura. A produção de alimentos deixa de ser uma atividade protegida pelo Estado e passa a ser um negócio competitivo controlado pelo mercado e regulamentada por legislações ambientais e sanitárias rigorosas.
A água, as árvores e a terra são, cada vez mais, consideradas bens da humanidade e tem, no agricultor, um gestor habilitado para o uso e o manejo desses recursos naturais.
Entre as principais regiões produtoras de alimentos do mundo, o Brasil é o país da água. No sul, as chuvas são distribuídas durante os 12 meses do ano com médias de 1786 mm/ano (Figuras 1 e 2). Nos cerrados, com base em Brasília, a precipitação média anual é de 1553 mm/ano, com chuvas nos meses de verão, e seco no inverno (Figuras 1 e 2).
Figura 1. Chuvas médias anuais em diferentes regiões de produção de grãos do mundo.
No Brasil chove entre 1600 e 1800 litros de água/m2/ano. A Região Sul se diferencia pela distribuição de chuvas abundantes em todos os meses do ano e temperaturas favoráveis para o crescimento de plantas, por isso, o mundo visualiza o ambiente para lavoura e pecuária.
A Austrália é um país considerado seco, onde se produz grãos nos meses de inverno, especialmente o trigo, nas bordas sul, leste e oeste, com chuvas médias anuais de 350 mm/ano (Figuras 1 e 2).
Figura 2. Chuvas médias mensais em diferentes regiões de produção de grãos do mundo.
Na Argentina as chuvas de inverno são muito importantes para armazenar água no solo. O plantio direto, pela eficiência no aproveitamento de água das chuvas, permitiu ampliar as áreas cultivadas com soja.
Na Europa, a água é um fator crítico, cada vez mais importante para o abastecimento de cidades. Na agricultura, com chuvas em torno de 600 mm/ano (Figuras 1 e 2), a água escassa deve ser manejada para maior armazenagem no solo e maior aproveitamento pelas plantas.
Nos países da ex-União Soviética, de forma geral chove em torno de 400 mm/ano. Nos meses de verão e de outono chove pouco inviabilizando investimentos e estabilidade na produção de soja, milho e culturas de verão. As temperaturas de inverno são baixas, chegando a média mensal de -17 graus em regiões de produção de trigo, cevada e colza, que são adaptadas para o frio.
A vantagem diferenciada dos Estados Unidos na produção de grãos está na qualidade de solos e na distribuição de chuvas nos meses de desenvolvimento das culturas de verão (Figura 2).
O Brasil é o país da abundância de água, que necessita ser manejada de forma responsável. As principais regiões de agricultura na Europa, América do Norte, África, Ásia e Oceania têm a água como grande preocupação ambiental e de saúde pública.