Nos últimos dias algumas mídias trataram da salvação da lavoura, o agronegócio e a colheita da soja, que teve seu início oficial sábado passado, em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul. Só o agronegócio cresce neste ano, no país, o resto vai de ré.
Mas ficam os desafios, os ganhos do agronegócio deveriam ter sido investidos na infraestrutura do agronegócio, para viabilizar o enfrentamento dos ciclos de menores preços das commodities. E, também, neste domingo, na cidade de Ipameri em Goiás, na Fazenda Santa Brígida, de uma produtora rural a Sra. Marize Porto, ocorreu um dia de campo do que virá a ser a grande revolução tecnológica do agronegócio de produção intensiva, será a ILPF, integração lavoura pecuária e floresta. Significa uma tecnologia onde na mesma propriedade irão conviver grãos, gado e florestas.
Para fazer isso o produtor precisa investir, equipamentos, gestão e educação. Da mesma forma na nova era da escassez, com a qual vamos conviver, o investimento em irrigação por gotejamento, além de economizar muita água, significará também uma fertilização com a irrigação, melhorando produtividade e qualidade nutricional dos alimentos, apenas para citar duas revoluções já do presente.
Ou seja, nas vacas gordas do agronegócio brasileiro, os investimentos estruturais não foram feitos na dimensão e velocidade que deveriam, e também, quantos produtores estão preparados para a nova agricultura, já batizada de sustentavelmente intensiva? Mudança em altíssima velocidade é a única certeza.
Enquanto questões não vinculadas com a eficácia e a segurança da produção de alimentos tomam conta do foco político e midiático do país, o agronegócio está sendo a salvação da lavoura da economia nacional. Há um preço nesse processo histórico. Ao longo dos últimos 30 anos muitos produtores faliram, muitos não conseguiram fazer sucessão, e o Brasil cresceu a um custo de sofrimentos. Esses sofrimentos não são revelados, nem tratados.
O empreendedorismo, onde o Brasil desponta como o maior do mundo, teve e tem no agronegócio, com certeza, a sua dimensão número um. Muitos ficaram pelo caminho, e muitos ficarão. O preço da ausência da estratégia é o conflito injusto com o domínio das incertezas.
Se o agronegócio está sendo a salvação da lavoura nacional, fica aqui a provocação: quem será a salvação do novo agricultor, tecnologicamente, educacionalmente e sem políticas de seguro e planos de longo prazo dependente? Sem produtor sustentável não existirá sustentabilidade. Sem sustentabilidade institucional, a seleção forçada é acentuada, fica a lei dos mais fortes, e não há o que ideólogos utópicos possam clamar, em nome dos fracos e oprimidos. Viva a nova safra! Nada mudou, os mais competitivos sobreviverão.