No fim da década de 70, agricultores do norte do Paraná iniciaram o plantio do milho após a colheita da soja em busca de melhorar a rentabilidade da propriedade, em função da descapitalização ocorrida após frustrações constantes com as lavouras de café, ocasionadas por condições climáticas adversas.
No entanto, a Conab iniciou o acompanhamento da safra do milho safrinha apenas no final da década de 80, quando o volume de produção começou a ser identificado no Brasil. Na região Centro-Oeste, os primeiros dados apresentados relativos ao milho safrinha datam da safra 1989/1990 no estado de Mato Grosso do Sul, com 6.500ha de área plantada e produtividade de 1.892 kg/ha, enquanto que nos estados do Mato Grosso e Goiás os primeiros dados são referentes à safra 1991/1992 com áreas plantadas de 35.000 e 12.000 hectares, respectivamente, e produtividade média de 1.699 kg/ha, variando entre 1500 a 2780 kg/ha.
Nessa época, o problema de plantas daninhas já fazia parte das preocupações do produtor de soja, tornando-se importante também na cultura do milho safrinha, visto que os primeiros cultivos com esse cereal eram de baixo investimento e pouco uso de tecnologia. Com isso, plantas daninhas presentes na soja passam a estar também no milho, contribuindo para a disseminação e o aumento populacional no sistema produtivo soja-milho safrinha.
Na safra 2010/11, o milho safrinha passou a ser mais cultivado, em maior área, no Brasil do que o milho plantado no verão. Com esse crescimento, o produtor tem a necessidade de fazer uso de melhor tecnologia para o manejo de plantas daninhas, principalmente o controle químico, induzindo mudanças na dinâmica da população infestante, colocando espécies antes importantes como Casia tora (fedegoso), Desmodium pupureum (pega-pega), Sida rhombifolia (guanxuma) e Acanthospermum australe (carrapicho rasteiro), como secundárias, embora, ainda com relevância em algumas propriedades.
Atualmente, no centro-oeste, espécies como Digitaria insularis (capim amargoso), Eleusine indica (capim pé-de-galinha), Conyza spp. (buva), Spermacoce verticillata (vassourinha-de-botão), Commelina spp. (trapoeraba), Cenchrus echinatus (capim-carrapicho), Bidens pilosa (picão preto), Amaranthus spp, (caruru), Euphorbia heterophylla (leiteiro), Digitaria horizontalis (capim colchão) e em algumas regiões o Pennisetum setosum (capim custódio) e o Andropogon spp. (andropogon) e Euphorbia hirta (erva de santa luzia) têm causado preocupação para os agricultores, sejam elas pela resistência a herbicidas ou mesmo por deficiência de eficácia (tolerância) aos herbicidas disponíveis no mercado brasileiro.
O centro-oeste brasileiro atualmente é a principal região produtora de milho, com aproximadamente 49,8% da área plantada, o que representa 55,3% da produção do cereal no país, sendo o seu cultivo realizado majoritariamente durante o período da safrinha pós-colheita de soja. Este fato indica que, nessa região, o manejo de plantas daninhas na cultura é realizado, em maior escala, nos locais com regimes hídricos mais restritos e temperaturas mais altas. Com isso, a presença de plantas daninhas nas condições de inverno seco tende a ser menor e apresentar menor diversidade do que nas áreas de produção de verão que apresenta precipitação e temperatura diurna – noturna mais elevadas e ambiente mais úmido.
A baixa precipitação e as altas temperaturas são aliadas no manejo das plantas daninhas quando associadas aos demais métodos de controle conhecidos. O químico ainda é o mais utilizado pelos agricultores, por razões de custo e principalmente rendimento operacional. No entanto, muitas vezes, a aplicação do herbicida é realizada em condições desfavoráveis à melhor eficácia do produto, como aplicações fora do estádio de crescimento recomendado das plantas daninhas.
Esse fato, aliado a aplicações em condições climáticas de estresse hídrico, contribuem para reduzir a eficácia dos herbicidas. As plantas apresentam desbalanço entre a absorção de água pelas raízes e a transpiração através das folhas, causando o fechamento dos estômatos, consequentemente, levando a planta a paralisação do crescimento, através da interrupção dos processos fisiológicos e bioquímicos, o que prejudica a penetração, absorção e translocação dos herbicidas. Altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar também podem também contribuir para a perda da eficácia dos herbicidas em função do aumento da volatilização e evaporação das gotas de pulverização. Contudo, os agricultores têm disponível no mercado adjuvantes e pontas de pulverização que amenizam esses efeitos, melhorando a resposta de controle das plantas daninhas.
Para usar o controle químico, o agricultor deve ter em mente que existe uma legislação vigente que precisa ser respeitada, com a exigência de receita agronômica emitida por um profissional habilitado para a prescrição de quaisquer herbicidas. Na compra de qualquer produto fitossanitário, nesse caso o herbicida, no receituário agronômico deverá ter a indicação os EPIs necessários, bem como, as recomendações técnicas para o correto uso.
Cuidados devem ser tomados quanto ao período de carência e a reentrada de pessoas na área onde ocorreu a aplicação dos herbicidas. Na cultura do milho, estão registradas 320 marcas comerciais de herbicidas, referente a 33 ingredientes ativos. Do montante registrado, 240 referem-se a apenas quatro ingredientes ativos: glyphosate, atrazine, nicosulfuron e 2,4D. Contudo, nem todos estão registrados para o uso em pós-emergência. Portanto, antes de usar qualquer marca comercial, o produtor deverá ter a certeza de que aquele produto está registrado para a modalidade de aplicação escolhida.