Está nos jornais: “Criticada, Dilma lança plano sustentável”. Como uma resposta a críticas que vem recebendo por não se posicionar a respeito de um suposto “retrocesso ambiental”, o governo divulga o lançamento de um programa de agroecologia e produção orgânica. São mais de 8 bilhões de reais, que serão liberados até 2015, resultado de pressões do MST, Associação Brasileira de Agroecologia, Contag e outros. Dizem que houve um “diálogo intenso” entre os movimentos sociais e o governo. Segundo o governo, o plano visa estimular a agricultura sustentável entre pequenos agricultores, assentados, quilombolas e indígenas.
Senhores, é isso mesmo, para nossos governantes, agricultura sustentável, orgânica, familiar, agroecológica é tudo a mesma coisa. É muito grave quando o próprio governo estabelece, politicamente, diferenças técnicas que não existem. O governo já atropelou a língua portuguesa, com “presidenta”, já estabeleceu o preconceito racial em legislação, agora atropela os conceitos agronômicos. Isso vai dar errado. Mais errado ainda do que tem sido atá agora. Mais uma vez lembro do Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), que, se estivesse funcionando, poderia contemplar tudo o que é proposto agora, novamente. Só que em outro Ministério, talvez com distribuição dirigida da verba, como tem ocorrido com o “Minha Casa Minha Vida”.
Que fique bem claro: AGRICULTURA SUSTENTÁVEL não depende de quem a faça. Depende de como é feita. Agricultura empresarial, familiar, orgânica, agroecológica, qualquer uma pode ser sustentável. Ou não, são coisas diferentes. Na verdade, até em função da legislação vigente, a agricultura tem sido bem menos sustentável em pequenas propriedades. É um problema econômico. A agricultura orgânica e a agroecologia, quando seguem preceitos dogmáticos, em geral não são sustentáveis, pois não devolvem ao solo tudo que retiram. As produtividades são baixas, em geral, portanto, a não ser próximo aos grandes centros, onde existe oportunidade de se colocar produtos a preços maiores, não é competitiva. Pode ser muito romântico dar dinheiro aos agricultores ineficientes, para que produzam sua comida. Mas o povo não quer só comida.
Preocupado só com a reeleição, mais uma vez o governo comete trapalhadas distribuindo verba inadequadamente, o que pode, além de tumultuar a produção, tornar mais longo o processo de retirar o pequeno agricultor da pobreza. Que adianta produzir, agroecologicamente ou não, se não há como armazenar, transportar, conservar? Como produzir sem tecnologia, sem escala, sem assistência técnica competente e bem aparelhada?