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Toxicologia Clínica e Pesticidas: Desvendando Mitos e Verdades


Por Angelo Zanaga Trapé, Professor-doutor aposentado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp) e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

 

O que é a Toxicologia Clínica?

Área da Saúde que estuda a ação dos agentes químicos, no nosso caso os pesticidas, na saúde ocupacional e pública. Avalia os possíveis impactos de curto médio e longo prazo na saúde de populações expostas a pesticidas.

A Toxicologia Clínica é fundamental para a confirmação de efeitos detectados nos estudos experimentais e em correlações determinadas por estudos epidemiológicos. A avaliação clínica toxicológica compreende a Toxicocinética que é como o pesticida é absorvido, distribuído pelo organismo humano, metabolizado e excretado.

A Toxicodinâmica compreende a avaliação dos possíveis efeitos negativos ou positivos nos diversos órgãos do corpo humano. O efeito sempre depende da dose, lembrando Paracelsus: “A dose faz o remédio e a dose faz o veneno”.

O efeito depende também do tipo de pesticida, do tipo de exposição, do tempo de exposição, do cenário de exposição. Essa avaliação é fundamental em quadros clínicos de trabalhadores com atividade de longo prazo (mais que 1 ano) com ´pesticidas.

Os quadros agudos na maioria dos casos intencionais (suicídio e homicídio) como mostram as estatísticas com CEATOXS (Centros de Informação e Assistência Toxicológica) são de atenção imediata em regime de urgência.

Identificar efeitos não agudos em indivíduos com exposição de longo prazo a pesticidas não é tarefa fácil e de conclusão precipitada.

O Ambulatório de Toxicologia do Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp por mim coordenado durante 20 anos atendia e avaliava pessoas com exposição ocupacional a maioria triados pelo Programa de Atenção à Saúde de Populações Expostas a Pesticidas nos municípios da região de Campinas e sul de Minas Gerais.

A triagem consistia em entrevista com as(os) agricultoras(os) e uma coleta de sangue para dosagem das enzimas colinesterases.

Casos suspeitos clínicos ou laboratoriais eram encaminhados para investigação agendados no Ambulatório de Toxicologia do HC da Unicamp.

Compilados os dados de 15 anos de atuação do Programa e do Ambulatório de Toxicologia do HC da Unicamp obtivemos os seguintes resultados:

Foram triadas 15.500 pessoas em trabalho de campo com uma média de exposição de 18 anos de contato direto ou indireto com pesticidas.

20% preencheram critérios de suspeição para avaliação ambulatorial, ou seja, mais de 3.000 agricultoras(os)

10 % dos avaliados apresentavam efeitos relacionados à exposição, mas sempre associados a comorbidades em especial alcoolismo, tabagismo, hipertensão arterial, diabetes entre outras sendo fatores confundidores ou uso inadequado de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) ou de tecnologia de aplicação.

O principal efeito era o dermatológico pelo contato da formulação com a pele provocando as dermatites de contato.

Os outros 90% ou seja mais de 12.000 agricultoras(os) avaliadas(os) ficaram com o diagnóstico de exposição de longo prazo a pesticidas sem impactos na saúde.

Portanto de acordo com o método utilizado na Toxicologia Clínica e sempre importante realçar que na Medicina a “Clínica é Sempre Soberana” os resultados obtidos durante duas décadas de trabalho no Ambulatório de Toxicologia do Hospital das Clínicas da Unicamp investigando possíveis efeitos não agudos em indivíduos com exposição de longo prazo a pesticidas que utilizam e seguem as Boas e Corretas Práticas Agrícolas não indicaram impactos na saúde dessas populações.

 

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Referências

www.agricultura.gov.br
Ministério da Agricultura - Portal da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento

www.embrapa.gov.br
Embrapa - Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária

www.ital.sp.gov.br
Instituto de Tecnologia de Alimentos

www.alimentosprocessados.com.br
Alimentos Processados

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