O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) está atento e na expectativa da realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá em 2025 no Brasil, mais especificamente em Belém, no Pará. Em um bate-papo com Rodrigo C A Lima, membro do CCAS e Sócio-Diretor da Agroicone, foram abordados diversos aspectos do evento.
Mesmo antes da realização da COP 29, programada para novembro deste ano em Baku, no Azerbaijão, já há um imenso interesse pela edição brasileira da conferência. A preocupação com a infraestrutura de Belém é grande, e o governo federal anunciou um investimento de R$1,3 bilhão da Itaipu Binacional para melhorar a infraestrutura da cidade. Entre as áreas contempladas estão a infraestrutura viária, coleta de esgoto, pavimentação, iluminação e equipamentos de controle de tráfego.
O governador do Pará, Helder Barbalho, destacou a visão única que Belém quer trazer para a COP 30: "Não queremos fazer a COP como fez Dubai, com seus grandes prédios, as suas grandes avenidas. Quem queria hotel seis estrelas, hotel dos mais altos níveis globais, teve a oportunidade de viver essa experiência no ano passado, em Dubai. Agora, quem quiser ver os grandes rios, as grandes árvores e ver os povos da floresta, será em Belém do Pará, a COP das florestas, a maior experiência ambiental de todas as COPs."
Visão do CCAS
O conselheiro Rodrigo C A Lima compartilhou sua perspectiva sobre essa abordagem. "Acho temerário, um grande erro, rotular a COP brasileira como a COP das florestas e dos rios. Para migrar para a neutralidade climática, precisamos reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEEs) em todos os setores, envolvendo naturalmente a conservação das florestas, mas também temos que abordar como fomentar a economia de baixo carbono na agropecuária, energia e indústria. O Brasil tem uma cesta de soluções climáticas para mostrar para o mundo, não só as florestas".
Lima enfatizou a importância de uma visão equilibrada que inclua a agricultura e os sistemas alimentares. "A COP 30 será o momento em que os países vão conhecer a nova ambição climática, incluindo a nova meta brasileira que está sendo construída pelo governo. É fundamental entender o que podemos entregar em termos de agricultura, energia e restauração de vegetação nativa para a meta de 2031-2035."
Contribuições e Expectativas
A COP 30 em Belém será uma oportunidade única para o Brasil mostrar a magnitude da Amazônia e dos povos da floresta. "Não podemos pensar só na floresta em si, na biodiversidade, no carbono estocado. É super importante tratar do uso sustentável dessa floresta, para que as pessoas possam viver dignamente, ganhar seu dinheiro e ter trabalho", disse Lima. "Toda a pauta de bioeconomia atrelada à floresta é super relevante, e precisamos saber trabalhar isso."
O CCAS, com seu foco na sustentabilidade agrícola, está pronto para contribuir com a agenda da COP 30. "A Agroicone acompanha as negociações e temos decisões muito boas sobre agricultura que serão aprovadas na COP29. Além da agropecuária de baixo carbono, o Brasil tem soluções climáticas importantes em energias renováveis, biocombustíveis e biogás, e nossos projetos são absolutamente relevantes".
A expectativa do CCAS é que a COP 30 seja um marco na luta contra as mudanças climáticas, e o Conselho está comprometido em garantir que a voz da agricultura sustentável seja ouvida e valorizada neste importante evento global.