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Empregos, competitividade e pesquisa


13/08
Por: Por Ciro Rosolem

Foram semanas ricas em notícias importantes. E não estou falando de eleições ou candidatos. Se bem que os candidatos deveriam se preocupar com isso. (1) O agronegócio foi o campeão em fechamento de vagas. (2) O produto industrializado nacional chega ao mercado 30 % mais caro que os concorrentes. (3) A CAPES vai cortar milhares de bolsas de Pós-Graduação em função do corte de verba.

Assuntos aparentemente independentes e desconexos. Será? Acho que não. Há um denominador comum na raíz de tudo isso: PESQUISA.

Os chamados, até há pouco tempo, de Tigres Asiáticos tiveram seu desenvolvimento industrial fortemente apoiado em pesquisa, com geração de patentes, processos industriais, que resultaram em produtividade. Para isso, mandaram contingentes de recém saídos das universidades buscar formação mais completa no exterior. Na volta, havia estrutura para que pudessem trabalhar. No Brasil, desde a criação da EMBRAPA, houve interesse na complementação da formação de pessoal na área do agronegócio. E, senhores, qual o setor no qual o Brasil é realmente competitivo? Qual o setor que vem bancando as contas nacionais? O agronegócio. Mera coincidência? Claro que não!

E agora outra notícia: a CAPES, a principal financiadora da Pós-Graduação no Brasil, sofre cortes a ponto de interromper o programa de formação dos pesquisadores que poderiam realizar as pesquisas, gerar patentes, criar e aperfeiçoar processos. Não me parece muito inteligente da parte do governo.

Bom, e o problema de fechamento de vagas no agronegócio? Primeiramente, o negócio é que não é bom negócio ter muitos empregados no meior rural. Uma legislação trabalhista completamente fora da realidade. Depois, onde tem se investido em formação de pesquisadores? Onde, apesar dos pesares, a pesquisa brasileira tem sido reconhecida mundialmente. Na produção agrícola e pecuária. Há, é certo, outras áreas, como a medicina e umas poucas outras. O desenvolvimento tecnológico, com o barateamento das tecnologias, mais a dificuldade imposta pela legislação, resulta em demissões na área mais competitiva de nossa economia. Também no campo se exige hoje pessoal cada vez mais qualificado. O agronegócio deixou de ser um depósito de mão de obra não qualificada. A solução? Educação, qualificação, para que este contingente consiga colocação, desta vez com salários mais altos.

Entretanto, nem tudo são flores, mesmo nesta área tecnologicamente avançada da sociedade brasileira. Começando pela área federal, a EMBRAPA ficou meio fora de rumo, e sofre necessária reestruturação. As universidades formadoras dos quadros de pesquisadores padecem de falta crônica de recursos para o desenvolvimento de pesquisa de alto nível, para o que dependem de convenios com instituições do exterior. O CNPq, um dos principais financiadores de pesquisa, tem lançado menos editais de pesquisa, e os lançados não tem seus valores corrigidos há tempos. Em São Paulo, a FAPESP, importantíssima, fundamental, sobrevive como é possível. Os Institutos de Pesquisa como o Agronômico de Campinas, o de Zootecnia, o Bilógico, o de Economia Agrícola, entre outros, são deixados a morrer de inanição. Falta de responsabilidade dos governos.

Enfim, O agronegócio que vive e faz o Brasil viver, é competitivo e gera trabalho para pessoal tecnificado com base na pesquisa do passado. Estamos vivendo, mal comparando, como um caminhão na banguela, na descida, usando a energia acumulada. Está tudo bem. Mas ali na frente tem subida, como vamos lidar com isso?

 

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Referências

www.agricultura.gov.br
Ministério da Agricultura - Portal da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento

www.embrapa.gov.br
Embrapa - Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária

www.ital.sp.gov.br
Instituto de Tecnologia de Alimentos

www.alimentosprocessados.com.br
Alimentos Processados

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