As últimas décadas têm sido marcadas pelo uso crescente de plásticos para embalar alimentos. Dentre estes, pode-se destacar o poli (cloreto de vinila) (PVC) por ser versátil e compatível com vários plastificantes. O PVC na forma de filme é amplamente utilizado para embalar frutas, legumes, carnes, queijos, sanduíches, entre outros, uma vez que é comum sua utilização não somente nos estabelecimentos comerciais, mas também nas residências.
As embalagens de alimentos, dentre suas funções, visam proteger o produto da contaminação externa (a exemplo de agentes químicos, físicos como cabelos, agentes microbianos, roedores). Porém, a possibilidade de que ocorra contaminação do produto por constituintes da própria embalagem não pode ser negligenciada, principalmente por estar diretamente relacionada com a saúde humana considerando a segurança alimentar e a qualidade dos alimentos.
Felizmente existem legislações que regulamentam os materiais e os aditivos que podem ser utilizados na produção de embalagens que estarão em contato direto com produtos alimentícios, suas concentrações e seus limites de migração permitidos de forma a não afetar a saúde do consumidor Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Grupo do Mercado Comum (GMC) – MERCOSUL; Comunidade Européia (CE), FDA (Food and Drug Adminstration).
Alguns dos aditivos utilizados em materiais de embalagem podem apresentar potencial carcinogênico, segundo indicam estudos epidemiológicos. Dentre os plastificantes comumente utilizados o estearato de butila, citrato de acetil-tribulila, sebacato de alquila e adipatos apresentam baixa toxicidade, já os ftalatos têm seu potencial carcinogênico e histogênico mais acentuado.
Em avaliação da migração (ANVISA - RDC 105/99; 17/08, 51/10; CE - Diretivas 2005/79, 2002/72, 82/711 e 85/572) de alguns plastificantes utilizados na produção de filmes de PVC encontrados no mercado para estarem em contato com alimentos, sendo estes testados utilizando simulantes de alimentos (atestados por órgãos federais) (5±1°C e 20±2°C) e alimentos como queijo mussarela e presunto (5±1°C - como encontrado no mercado), os plastificantes apresentaram maior tendência a migração à temperatura mais elevada e em maiores concentrações para o produto mais gorduroso (queijo). Em alguns casos os limites especificados por legislação foram excedidos. Estes dados foram resultados de tese de Doutorado defendida peloPrograma de Pós-graduação de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa pela professora do Departamento de Engenharia de Agronegócios da Universidade Federal Fluminense-Volta Redonda, Nathália Ramos de Melo.
Os ensaios de migração, regulamentados, podem não ser adequados para avaliar a forma real como as embalagens vêm sendo utilizadas no contato com os alimentos nos dias de hoje, principalmente em uso doméstico. As embalagens são desenvolvidas para uma utilização previamente determinada, uma embalagem que é ótima para um produto pode não ser adequada para outro. Um filme de PVC contendo determinados plastificantes (como ainda encontramos no nosso mercado) é adequado para uso em contato direto com produtos secos, frutas, verduras, produtos ricos em água, mas devem ser evitados em contato com produtos como queijos, carnes prontas, maionese, pratos prontos como lasanhas, no geral, devem ser evitado seu contato com produtos gordurosos.