Começou no dia 6 e vai até 18 de novembro, no Egito, a vigésima sétima Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 27. O encontro é organizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde 1995 e reúne lideranças de todo o mundo para discutir ações de enfrentamento ao desafio global das mudanças climáticas.
Na última edição do evento muitos países fizeram promessas para alcançar a neutralidade de carbono, por isso as expectativas para esse ano são grandes.
Marcelo Morandi, pesquisador da Embrapa, negociador do Brasil na COP27 e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), está participando da Conferência e falou um pouco sobre suas impressões.
“São negociações contínuas. É um momento em que a gente reúne, discute e saem algumas conclusões para dar os passos seguintes, mas isso vem sendo trabalhado ao longo dos anos”, explica Morandi.
Ele contou ainda que essa edição do encontro está sendo conhecida como a COP das implementações. “Lógico que estamos em um momento de dificuldades globais com guerra e pandemia que acabam limitando algumas questões, especialmente quando se fala em financiamento. Mas, o foco e o interesse de todos é colocar em campo algumas dessas decisões que já foram tomadas para manter a temperatura dentro do nível do acordo de Paris, que é 1,5 graus”, detalhou.
O Conselheiro explicou que as discussões são direcionadas para todos os setores da economia e que todos precisam passar por adaptações. Dentro disso está a agricultura, que tem parte de solução e problemas nesse contexto. Contudo, existem diversas tecnologias e projetos no país, embasados em elementos de sustentabilidade, que precisam sair do papel.
“Temos o plano ABC, código florestal e diversas regras. Precisamos aplicar e tornar isso nosso selo para o mundo, mostrar que nós estamos combatendo o desmatamento legal, promovendo a recuperação de APP’s, de reserva legal e promovendo um sistema de produção sustentável, com plantio direto, sistemas integrados, recuperação de pastos e produtos biológicos. Não adianta brigar com o exterior que aponta nossos erros. Temos que corrigir o que precisa ser corrigido e mostrar para eles que estamos fazendo nossa parte e produzindo e temos competitividade”, explicou Morandi.
De acordo com o Conselheiro essa é forma de nos tornarmos vitrine e para que assim outros países também assumam essas tecnologias como factíveis para se manter a segurança alimentar global.
Quanto às questões financeiras, Morandi lembrou que a COP se trata de um ambiente de multilateralismo. São 192 países representados, em situações e com interesses mais diversos que para serem resolvidos é fundamental incentivos e financiamentos e que muitos países ainda estão segurando, não querendo colocar dinheiro.
“Eu sou otimista. Cada passo é um avanço. Dessa discussão podem sair vários mecanismos de financiamento, de implementação. Bilaterais, multilaterais, em grupos ou em regiões. O que a gente tem que ter claro são os interesses em comum e é isso que estamos tentando construir aqui. O senso de urgência está sendo construído e nós enquanto país, independente do que sair daqui de negociações, temos muita coisa boa para implementar e precisamos fomentar isso desde a agricultura familiar até a grande agricultura pois todas elas têm grande papel nesse processo”, comemorou.