A sacolinha plástica dos supermercados voltou. Não dá pra dizer que isso é ruim em si, pois o artefato tem um papel de conveniência que foi consagrado por anos de uso no varejo e, assim, adquiriu um lugar próprio em nossa cultura de consumo.
Mas talvez seja válido perguntar: das razões de cenário ambiental que levaram ao debate e proposta de suspensão da sacolinha no varejo de auto-serviço, meses atrás, o que mudou agora para se passar uma borracha em tudo?
Está certo que a questão nunca foi uma unanimidade. Mas isso, em geral, é o que ocorre quando surgem proposições que revisam conceitos e mudam paradigmas. O fato é que continuaremos a jogar no lixo de 2,5 a 3 bilhões de sacolinhas/mês, só no Estado de S. Paulo (segundo estimativas publicadas na imprensa, no auge das discussões).
Pessoalmente continuarei a me abster da sacolinha plástica nas compras, em favor de uma “sacolona” de lona, herança de minha mãe, procedimento que acabei adotando durante os debates que precederam a épica proibição da sacolinha, no início deste ano. Por quê?
Porque ela vem de energia fóssil e tem pegada de carbono, porque o aquecimento da Terra é real (ou pelo menos opinião dominante entre os cientistas), porque as toneladas e toneladas de sacolinhas demoram a degradar e porque não há estrutura suficiente para coleta seletiva e reciclagem de lixo na cidade onde moro.
Na maioria das cidades de porte pelo Brasil afora, aliás, essa situação se repete. Às vezes, até já existem processos organizados de coleta seletiva; mas é comum encontrar um descompasso entre os necessários investimentos e incentivos para a industrialização do lixo, quebrando assim a corrente da eficiência na reciclagem.
Um dos caminhos para mudar essa realidade está no voto, buscando o comprometimento dos candidatos com políticas que construam uma urbanidade mais sustentável. Agora mesmo teremos uma grande rodada de eleições municipais que é oportunidade para se debater e alertar as pessoas sobre a importância de plataformas políticas que também tragam ganhos sustentáveis para o dia a dia das cidades.
Em sustentabilidade o homem é o que mais conta. Seja como beneficiário, seja como agente. Muito antes dos pressupostos e políticas públicas para a chamada economia verde (ainda engatinhando), temos que tomar partido e mudar atitudes pessoais em prol de uma economia e de uma vida mais sustentável.
Isso implica em revisar hábitos, conhecer mais e até votar na sustentabilidade. Não importa se for milimétrico o avanço. Se os problemas existem, alguma coisa tem que ser feita. Isso é o que nos faz ser uma humanidade.