Como pode ao mesmo tempo comer bem e ajudar a preservar o meio-ambiente e a diversidade? Tem-se a impressão que com a modernização das cidades e a proliferação da comida estilo fast-food essa tarefa se torna cada dia mais difícil. Uma possível solução é proposta pelo movimento SLOW FOOD. Deve-se comer devagar, isto é, slow, para apreciar e pensar de onde se originam os alimentos e, com isso, rever o nosso estilo de vida.
O Slow Food é uma ideia, um movimento e uma organização não lucrativa com raízes na cidade de Bra, região do Piemonte, na Itália. O grupo por trás da ideia, liderado pelo atual presidente do movimento Carlo Petrini, começou a se encontrar por volta de 1980 com o intuito de promover tradições da região, entre elas a música e a cultura culinária, que se viam ameaçadas de caírem no esquecimento por conta de mudanças no estilo de vida acarretadas pela velocidade da vida contemporânea. Quando, em 1986, o símbolo maior do fast-food, isto é, da comida rápida, a lanchonete McDonald’s inaugurou uma filial aos pés das famosas escadarias da Pizza di Spagna em Roma, este grupo organizou um protesto e se inspirou para criar o nome SLOW FOOD e seu símbolo: um simpático caracol para designar o movimento. Hoje o SLOW FOOD possui mais de 80 mil membros espalhados por 104 países.
O conceito central a nortear as ações do movimento é o de eco-gastronomia, segundo o qual a qualidade da comida e da bebida à mesa está intimamente ligada ao trabalho de produtores rurais, ao meio-ambiente e a preservação da bio-diversidade. Portanto, para o SLOW FOOD, comer bem não é apenas uma questão de prazer, é também uma bandeira que significa questionar o estilo de vida simbolizado pelo fast-food: comida a ser engolida apressadamente num shopping center, feita a partir de insumos encontrados na ponta final de uma longa cadeia de produção cujo objetivo primordial é a obtenção do lucro. Lutar pela boa comida significa valorizar a biodiversidade local e o conhecimento tradicional do seu cultivo e consumo.
Um dos principais eventos promovidos pelo SLOW FOOD é o Salão do Gosto / Terra Madre realizado a cada dois anos em Turim. O último aconteceu no final do mês de outubro de 2012 e reuniu 22 mil produtores, acadêmicos e gastrônomos em torno da luta por um alimento Bom, Limpo e Justo. Vários produtos brasileiros estiveram presentes levados pelas mãos de produtores e chefes de cozinha com destaque para frutas como jatobá, pequi, umbu e para a mandioca.
O SLOW FOOD se articula localmente através de seus convivium, organizações que unem associados e produtores de acordo com as especificidades de cada região. No Brasil existem 32 representações do movimento. Se você se identificou com a filosofia do SLOW FOOD procure um convivia através do site http://www.slowfoodbrasil.com/.